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ESTUDO X
AS NATUREZAS
HUMANA
E ESPIRITUAL,
SEPARADAS E DISTINTAS
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Falsos
conceitos comuns.
— A Natureza Terrestre ou Humana e a Celestial
ou Espiritual.
— Glória Terrestre e Glória Celestial.
— Testemunho da
Bíblia tocante aos Seres Espirituais.
— Mortalidade e Imortalidade.
— Podem os Seres Mortais ter Vida Eterna?
— Justiça na concessão
dos favores.
— Um suposto Princípio examinado.
— A variedade na Perfeição.
— Os direitos soberanos de Deus.
— A provisão de Deus
para o homem é satisfatória.
— A eleição do corpo de Cristo.
—
Como será efetuada a
transformação da Natureza deles.
[201] |
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NÃO
PODENDO discernir que o plano de Deus para toda a humanidade tem por
interesse a restituição ou a restauração ao seu primeiro estado, ou
seja, à perfeição humana perdida no Éden, e que somente a Igreja cristã,
sendo uma exceção a este plano geral, obterá uma mudança de natureza,
a humana pela espiritual, muitos cristãos são de opinião que ninguém
se salvará a menos que não alcance a natureza espiritual.
Entretanto,
ainda quando as Escrituras asseguram promessas de vida, de bênção e de
restauração a todas as famílias da Terra, somente à Igreja escolhida
durante a Idade Evangélica oferecem e prometem a transformação à
natureza espiritual; e não se pode encontrar nenhuma passagem que
alimente tal esperança em prol de outros. |
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Se
fossem salvas as massas da humanidade da degradação, debilidade, dor,
miséria e morte que resultam do pecado, e se fossem restauradas à condição
de perfeição humana desfrutada antes da queda, estariam tão real e
totalmente salvos dessa queda como aqueles que, sob a especial “vocação
celestial” da Idade Evangélica, serão feitos “participantes da
natureza divina”.
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O que é um homem perfeito? |
A
falta do verdadeiro entendimento do que constitue um homem perfeito, a má
interpretação das palavras mortal e imortal e as falsas idéias de justiça,
tudo junto tem contribuído a este erro, e tem obscurecido muitas partes
das Escrituras que de outro modo seriam entendidas com facilidade.
É
uma opinião comum, ainda quando não está apoiada por nenhum texto da Bíblia,
que nunca existiu um homem perfeito sobre a terra; que tudo o que vemos
dele sobre a terra é somente o homem desenvolvido parcialmente, e que
para chegar até a perfeição necessita chegar a ser espiritual.
Esta
opinião produz confusão acerca das Escrituras em vez de desenvolver essa
harmonia e beleza que resultam de “manejar bem a palavra da verdade”.
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Somente houveram dois homens
perfeitos — Adão e Jesus.
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As
Escrituras ensinam que têm existido dois, e nada mais que dois, homens
perfeitos — Adão e Jesus. Adão foi criado à imagem e semelhança de
Deus, isto é: com as faculdades mentais de raciocínio, memória, juízo
e vontade e com as qualidades morais de justiça, benevolência, amor,
etc., semelhantes às divinas.
“Da
terra, terreno”, ele foi a imagem terrestre de um ser espiritual que
possuía qualidades da mesma classe, ainda quando se diferenciava muito em
grau, categoria e extensão. A tal grau é o homem à imagem de Deus, que
Ele pode dizer ainda ao homem caído: “Vinde, pois, e arrazoemos”. |
Adão foi feito soberano
sobre todas as coisas terrestres ...
... um pouco menor que os
anjos. |
Assim
como Jeová é o governante sobre todas as coisas, igualmente o homem foi
feito governante sobre todas as coisas terrestres, conforme a semelhança
de Deus, e tendo domínio sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu,
sobre os animais, etc. (Gênesis 1:26)
Moisés
nos disse (Gênesis 1:31) que Deus reconheceu o homem que havia feito —
não que havia começado a fazer, senão que já havia completado — e o
considerou como uma criação “muito boa”, isto é, perfeita;
porque à vista de Deus nada que não é perfeito, entre as criaturas
dotadas de inteligência, merece o qualificativo de muito bom.
A
perfeição do homem, como foi criado, está expressada no Salmo 8:5-8, AL:
“Contudo,
pouco menor o fizeste do que os anjos, e de glória e de honra o
coroaste.
“Fazes
com que ele tenha domínio sobre as obras de suas mãos; tudo puseste
debaixo de seus pés:
“Todas
as ovelhas e bois, assim como os animais do campo, as aves dos céus e
os peixes do mar.”
|
“Nem toda carne é uma
mesma carne; mas uma é a carne dos homens, outra a carne dos animais,
outra a das aves e outra a dos peixes.”
I Coríntios 15:39 |
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Alguns
que querem fazer à Bíblia concordar com a teoria da evolução, têm
pensado que as palavras “um pouco” em Hebreus 2:7, poderiam ser
entendidas como um pouco de tempo inferior, em vez de um pouco em grau
inferior aos anjos. Entretanto, não existia nem razão nem autoridade para
interpretar de tal maneira.
Esta
é uma citação do Salmo 8:5, AL, e uma comparação crítica dos textos
hebreu e grego não dá lugar a dúvida quanto ao seu significado. Um
pouco inferior em grau aos anjos é a idéia claramente expressada.
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Davi,
neste Salmo se refere ao homem em seu estado original, e profeticamente dá
a entender que Deus não tem abandonado seu plano original de fazer que o
homem seja sua própria imagem e o rei da terra, e que se lembrará
dele, o redimirá e o restaurará a seu lugar.
O Apóstolo
(Hebreus 2:7) chama a atenção ao mesmo ponto — que Deus não abandonou
seu propósito original de que o homem, originalmente perfeito e tendo
grande honra, o rei da terra, será lembrado, visitado, e restaurado. Ele
em seguida acrescenta que todavia não vemos esta restituição prometida,
mas vemos o primeiro passo que Deus tem dado para que seja levado a efeito.
Vemos
o Jesus, coroado com esta glória e honra do homem perfeito, para que, pela
graça de Deus, como resgate apropriado ou substituto, provasse a morte por
todos, preparando desta maneira o caminho para a restituição do homem a
tudo o que havia perdido. Rotherham, um dos tradutores mais escrupulosos,
transcreve esta passagem como segue:
“Quem
é o homem para que Tú o recordes, ou
o filho do homem para que o visites?
“Fizeste-o
um pouco menor que os mensageiros, com glória e honra o coroaste e puseste-o sobre as obras de tua mão.”
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“Um pouco menor” não
significa um pouco menos perfeito. |
Não
deveria deduzir-se disto que um grau menor significa menos perfeito. Uma
criatura pode ser perfeita, e entretanto num plano de existência inferior
que outra; assim, um cavalo perfeito seria inferior a um homem perfeito,
etc. Existem naturezas diferentes, tanto animadas como inanimadas.
Para ilustrar
este ponto temos preparado a tabela seguinte: |
Ordem de
Seres
Espirituais |
|
Ordem de Seres
Terrestres ou
Animais |
|
Ordem no
Reino
Vegetal |
|
Ordem no
Reino
Mineral |
Divinos
-------
-------
Angélicos
|
Humanos
Animais
Aves
Peixes
|
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Árvores
Arbustos
Ervas
Musgos
|
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Ouro
Prata
Cobre
Ferro
|
Aperfeiçoar a uma natureza
não troca uma natureza. Há uma variedade em prefeição.
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Cada
um dos minerais mencionados pode estar completamente puro, mas o ouro é o
de maior valor. Ainda quando cada ordem de plantas chegasse à perfeição,
todavia existiria a diferença em sua natureza e categoria.
O
mesmo sucede com os animais, se cada espécie fosse aperfeiçoada, ainda
haveria variedade, porque a perfeição de uma espécie não muda a sua
natureza.*
*A
palavra natureza
algumas vezes é usada num sentido de acomodação, por exemplo:
quando se diz que um cão tem uma natureza
selvagem, ou que um
cavalo é de natureza
suave ou má.
Ao usar a palavra desta maneira somente pode-se entender as tendências
de um comparado com outro, mas não se refere à natureza no
sentido completo da palavra.
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Há diferenças distintas de
cada natureza. O grau mais elevado de
mineral é um pouco menor de que o grau menor de vegetal, porque no
vegetal há vida. |
Os
graus de existência espiritual, também, ainda quando são perfeitos,
tenham a mesma relação uns com outros, segundo seja a espécie a que
pertencem — mais ou menos elevada. A natureza divina é a mais elevada e
superior a todas as naturezas espirituais.
Na
sua ressurreição, Cristo foi feito “tanto mais excelente” do
que os anjos perfeitos, porque a natureza divina é superior à angélica.
— Hebreus 1:3-5.
Note com precisão como ainda quando as classes que
estão mencionadas na tabela são separadas e distintas, no entanto pode-se
formular uma comparação
com elas assim: O mineral de maior grau é menor em grau do mais baixo
modelo do reino vegetal, ou “um pouco menor” do que ele, porque
na vegetação existe vida.
Assim,
a espécie superior do reino vegetal é “um pouco menor” da espécie
mais baixa do reino animal, que em suas formas inferiores tem a intelegência
suficiente para perceber sua existência. Da mesma maneira, o homem, ainda
quando é o maior dos seres animais ou terrestres, é “um pouco menor
que os anjos”, porque os anjos são seres espirituais ou celestiais.
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Há um contraste grande
entre a humanidade pecaminosa e a humanidade restaurada.
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Existe
um contraste notável entre o homem como o vemos agora, degradado pelo
pecado, e o homem perfeito que Deus fez à sua imagem. O pecado tem mudado
gtradualmente suas feições como também seu caráter.
As
gerações multiplicadas têm obscurecido e desfigurado a humanidade pela
ignorância, a libertinagem e a depravação em geral, até o ponto que na
maioria da raça quase tem sido borrada a semelhança de Deus.
Tem-se
impedido que cresçam as qualidades morais e intelectuais; e os instintos
animais, desenvolvidos indevidamente, já não estão equilibrados pelos
mais elevados. O homem tem perdido a força física a tal grau que, ainda
com a ajuda da ciência médica, a duração média de sua vida é agora
aproximadamente trinta anos, enquanto que no princípio sob a mesma pena
de morte, o homem viveu novecentos e trinta anos.
Mas
ainda quando o homem se acha de tal maneira manchado e degenerado pelo
pecado, e sua pena correspondente, a morte opera nele; não obstante,
durante o Reino Milenário de Cristo, e por meio dele, há de ser
restaurado à perfeição original da mente e do corpo, e à glória,
honra e ao domínio.
As
coisas restauradas por meio de Cristo, serão as que foram perdidas por
causa da transgressão de Adão. (Romanos 5:18, 19)
O
homem não perdeu um paraíso celestial, senão um terrestre, e sob a pena
da morte não perdeu uma existência espiritual, senão uma humana, e tudo o
que perdeu foi comprado de novo por seu Redentor, quem declarou que veio
buscar e salvar o que se havia perdido. — Lucas 19:10, AL; IBB. |
O homem perfeito não é um
ser espiritual. |
Em
acrescentamento do dito, temos provas de que o homem perfeito não é um
ser espiritual. A Escritura diz, que nosso Senhor, antes de deixar a glória,
para que se tornasse homem, era “em forma de Deus — uma forma
espiritual, um ser espiritual, mas dado o caso que para servir como
resgate da humanidade tinha que ser homem, da mesma natureza do pecador
cujo substituto da morte seria, foi necessário que mudasse de natureza.
E
Paulo nos disse que não tomou a natureza dos anjos, um grau inferior da
sua, senão que baixou dois graus e tomou a natureza do homem — se fez
homem; se “fez carne”. — Hebreus 2:16; Filipenses 2:7, 8; João
1:14. |
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Note
como isto não ensina somente que a natureza angélica não é a única
ordem de seres espirituais, senão também que é inferior à do Senhor
antes de fazer-se homem; Ele então não ocupava o lugar tão elevado que
ocupa agora, porque Deus “o exaltou soberanamente”, por causa de sua
obediência ser o resgate voluntário pelo homem. (Filipenses 2:8, 9, AL;
IBB)
Ele
agora é da ordem mais alta de seres espirituais, sendo (como Jeová)
participante da natureza divina.
Assim
pois, não somente achamos provas de que a natureza divina, a angélica e
a humana, são separadas e distintas, mas também está provado que ser um
homem perfeito não significa ser um anjo, como tampouco se pode
conjeturar que por causa da perfeição da natureza angélica sejam os
anjos divinos e iguais a Jeová; Jesus não tomou a natureza dos
anjos, mas uma difrente: a dos homens; não a natureza humana
imperfeita, como a conhecemos agora, mas a natureza humana perfeita.
Ele
se fez homem: não um ser depravado e quase morto como são os
homens agora, mas um homem em pleno vigor da perfeição. |
Jesus, sendo um homem
perfeito, poderia guardar uma lei perfeita. |
Também
Jesus teve que ser homem perfeito, pois de outra maneira não poderia
guardar a lei perfeita, que é a plena medida da habilidade de um homem
perfeito. E tinha que ser um homem perfeito, pois de outro modo não
poderia dar resgate (o preço correspondente — 1 Timóteo 2:6) pela vida
perfeita que Adão perdeu.
“Porque,
assim como por um homem veio a morte, também por um homem
veio a ressurreição dos mortos.” (1 Coríntios 15:21, AL, IBB)
Se
houvesse sido imperfeito em menor grau, teria comprovado que estaria sob
condenação, e portanto, não poderia ser um sacrifício aceitável;
tampouco houvesse podido guardar de uma maneira perfeita a lei de
Deus.
Um
homem perfeito foi provado, foi achado falto, e foi condenado, e só um
homem perfeito podia pagar o preço correspondente como Redentor. |
Só um homem perfeito podia
pagar o preço correspondente para um homem perfeito. |
Agora
temos diante de nós o assunto em outra forma: Se Jesus na carne era homem
perfeito, como demonstram as Escrituras, não prova que um homem perfeito
é um ser humano carnal — não um anjo, senão um pouco menor do que os
anjos?
Não
se pode errar em conclusão lógica, e além disso, temos a afirmação
inspirada do Salmista (Salmo 8:5-8, AL), e o que Paulo disse referindo-se
a este texto em Hebreus 2:7-9.
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Tampouco
foi Jesus uma união de duas naturezas — a humana e a espiritual. A
mistura de duas naturezas não produz nem uma nem outra, senão algo
imperfeito, híbrido, sem a aprovação do arranjo divino.
Quando
Jesus esteve na carne foi um ser humano perfeito; antes havia sido um ser
espiritual perfeito; desde sua ressurreição é um ser espiritual
perfeito da ordem mais elevada — a divina.
Não
foi senão até o tempo de sua consagração ainda até a morte,
tipificada em seu batismo, aos trinta anos de idade (um adulto segundo a
Lei, e portanto o tempo devido para consagrar-se como homem),
quando Ele recebeu o penhor de sua herança da natureza divina. (Mateus
3:16, 17)
A
natureza humana teve que ser consagrada à morte antes de que Ele
pudesse receber pelo menos a segurança ou garantia da natureza
divina. E não foi senão até que tal consagração foi levada a efeito,
e até que de fato Ele sacrificou a natureza humana, ainda até a morte,
quando Jesus veio a ser de uma maneira completa participante da natureza
divina.
Depois
de tornar-se homem tornou-se obediente até a morte, pelo que também
Deus o exaltou soberanamente à natureza divina. (Filipenses 2:8, 9, AL; IBB)
Se esta parte das Escrituras é verdadeira, se deduz que não foi exaltado
à natureza divina até que a natureza humana foi por completo sacrificada
ou morta.
|
Jesus não foi uma mistura de duas naturezas. Por duas vezes Jesus
experimentou uma mudança de natureza. |
“Mas, vindo o
plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido
debaixo da lei.”
Gálatas 4:4 |
"E o Verbo se fez carne, e
habitou entre nós, cheio de graça e verdade; e vimos a sua glória,
como a glória do unigênito do Pai."
João 1:14 |
|
Jesus deu um preço
equivalente pelo que Adão perdeu.
“Porque nos convinha tal
sumo sacerdote, santo, inocente, imaculado, separado dos pecadores, e
feito mais sublime que os céus.”
Hebreus 7:26 |
Assim
vemos que não houve em Jesus nenhuma mistura de naturezas, senão que
experimentou por duas vezes uma mudança de natureza; primeiro da
espiritual para a humana, em seguida, da humana para a mais alta ordem de
natureza espiritual — a divina; tanto em um caso como em outro, deixou
uma natureza para tomar a outra.
Neste
exemplo grandioso de humanidade perfeita, que esteve sem mancha diante do
mundo até que foi sacrificado pela redenção do gênero humano, vemos a
perfeição da qual a nossa raça caiu em Adão, e para a qual será
restaurada.
Ao
constituir-se em resgate o homem, nosso Senhor Jesus deu o preço equivalente
pelo que o homem perdeu, e portanto, toda a humanidade por meio da fé em
Cristo e de obediência a todos os requisitos, poderá receber, não uma
natureza espiritual, mas a gloriosa e perfeita natureza humana
— “o que se havia perdido”.
As faculdades e capacidades perfeitas do ser humano
perfeito podem exercer-se indefinidamente sobre novos e diferentes objetivos
de interesse; assim mesmo o conhecimento e a habilidade podem aumentar
intensamente, mas tais aumentos de conhecimento e de poder não efetuarão
uma mudança de natureza nem a farão mais perfeita.
Será somente o desenvolvimento e amplificação
dos poderes perfeitos ou faculdades humanas. O homem terá sem dúvida o
bendito privilégio de poder aumentar seus conhecimentos e perícia por toda
a eternidade; mas, sempre será homem e unicamente estará aprendendo a usar
mais plenamente as faculdades da natureza humana que já possue.
Mas
além destes vastos limites não espera nem desejará avançar, estando seus
desejos limitados na extensão de suas faculdades.
Enquanto
que Jesus como homem foi uma ilustração da natureza humana perfeita, para
a qual será restaurada a humanidade em geral, contudo, desde sua ressurreição
Ele é a ilustração da gloriosa natureza divina, a qual, na sua ressurreição,
a Igreja vitoriosa participará com Ele. |
“Também há corpos
celestes e corpos terrestres, mas uma é a glória dos celestes e outra a
dos terrestres.”
I Coríntios 15:40 |
Não
se deve deduzir que os planos de Deus terminarão ao completar esta
companhia eleita, só porque a época presente se dedica principalmente ao
desenvolvimento desta classe para a qual é oferecida uma mudança
de natureza e porque as epístolas apostólicas estão dedicadas para a
instrução deste “pequeno rebanho”.
Tampouco
deveríamos ir ao extremo oposto e supor que as promessas especiais de
natureza divina, corpos espirituais, etc., que foram feitas a estes, tem
as designado Deus para toda a humanidade.
Para
os tais são as “preciosas e grandíssimas promessas”, superiores e
muito por cima das outras promessas preciosas feitas para a humanidade.
Para manejar bem a palavra da verdade, deveríamos observar que nas
Escrituras, a perfeição da natureza divina no “pequeno rebanho”, e a
perfeição da natureza humana no mundo restaurado, estão reconhecidas
como duas coisas separadas. |
O que é um ser espiritual? |
Agora
permitam inquirirmos mais minuciosamente: O que são seres espirituais?
Que faculdades têm e quais são as leis que os governam? Muita superstição
prevalece neste assunto, e alguns, por não entenderem a natureza de um
ser espiritual, pensam que apenas deve ser um mito.
Mas
Paulo não demonstra ter tal idéia. Ainda quando dá a entender que um
ser humano é incapaz de entender a superior natureza espiritual (1 Coríntios
2:14), entretanto, como para resguardar-nos de idéias supersticiosas ou míticas,
claramente disse que existem corpos espirituais e também naturais (humanos),
há corpos celestes e corpos terrestres, mas uma é a glória dos celestes
e outra a dos terrestres.
Como
temos visto, a glória do terrestre foi perdida por causa do pecado do
primeiro Adão, e durante o reino Milenário, Jesus e sua Noiva (o Cristo,
Cabeça e corpo), a restaurarão à raça.
A glória
do celeste não temos vista ainda, exceto com os olhos da fé, que por
meio do Espírito, nos a revela na Palavra. Estas glórias são separadas
e distintas. (1 Coríntios 15:38-49, AL; IBB)
Sabemos
até certo ponto em que consiste o corpo natural, terreno ou terrestre,
porque agora o temos, apesar de que apenas podemos estimar aproximadamente a
glória de sua perfeição. É carne, sangue e ossos, porque “o que é
nascido da carne é carne”.
E
porque são duas classes distintas de corpos, sabemos que o espiritual seja
o que for, não está composto de carne, sangue e ossos; é do céu,
celestial, ou espiritual — “o que é nascido do Espírito é espírito”.
Mas
não sabemos todavia o que é um corpo espiritual, porque “ainda não é
manifesto o que havemos de ser ... seremos semelhantes a Ele” — como o
nosso Senhor Jesus. — João 3:6; 1 João 3:2, IBB.
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|
Não
temos notícia de nenhum ser espiritual ou humano que haja sido mudado de
uma natureza para outra, senão o Filho de Deus; e este foi um caso
excepcional,com propósito excepcional. Quando Deus criou os anjos sem dúvida
teve a intenção de que fossem anjos para sempre, e também com o homem,
cada um perfeito em sua própria esfera.
As
Escrituras não deixam transluzir nenhum propósito diferente. Assim como
na criação inanimada existe uma variedade formosa e quase sem limites,
da mesma maneira na criação vivente e racional é possível a mesma
variedade em sua perfeição.
Toda
criatura em sua perfeição é gloriosa, mas como Paulo disse, uma é a glória
dos seres celestes (espirituais) e outra a dos terrestres. |
Seres espirituais podem
estar presentes, mas invisíveis.
O Servo de Eliseu viu Anjos
em Carros
Seres espirituais podem
tomar formas humanas.
Um Anjo Apareceu a Gideão.
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Ao
examinar os fatos que mencionam do nosso Senhor depois de sua ressurreição,
e dos anjos que são também seres espirituais, desta maneira
“comparando coisas espirituais com espirituais” (1 Coríntios 2:13,
IBB), podemos obter algum conhecimento geral acerca dos seres espirituais.
Primeiramente, os anjos podem estar presentes e com freqüência estão
ainda quando de uma maneira invisível.
“O
anjo do Senhor acampa-se ao redor dos que o temem, e os livra.”
“Não
são todos eles espíritos ministradores, enviados para servir a favor dos
que hão de herdar a salvação? (Salmo 34:7; Hebreus 1:14, IBB)
Se têm
servido visível ou invisivelmente? Não cabe dúvida de que hão feito de
uma maneira invisível. Quando Eliseu foi rodeado por uma multidão de sírios,
seu servo teve temor; Eliseu orou ao Senhor, e os olhos do moço foram
abertos, e ele viu que o monte estava cheio de cavalos e carros de fogo, (ou
parecidos como fogo), em redor de Eliseu. Também quando Balaão não podia
ver o anjo, a jumenta, cujos olhos foram abertos, pôde vê-lo.
Em
segundo lugar, os anjos podem tomar corpos humanos e aparecer como
homens. Desta maneira apareceu o Senhor junto com dois anjos a Abraão, e
ele lhes preparou uma ceia da qual participaram.
Abraão
supôs que eram três homens, e não descobriu senão quando estavam para
partir, que um deles era o Senhor e os outros dois, anjos, os que depois
foram a Sodoma para libertar a Ló. (Gênesis 18:1, 2)
Um
anjo apareceu a Gideão em forma de homem, mas depois se deixou conhecer. Um
anjo apareceu também ao pai e a mãe de Sansão, e creram que era homem até
que subiu na chama do altar. — Juízes 6:11-22; 13:20.
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Seres espirituais são
gloriosos e brilhantes.
Saulo de Tarso
“Ao meio dia, ó rei vi no
caminho uma luz do céu, que excedia o esplendor do sol;
resplandecendo em torno de mim e dos que iam comigo.
E, caindo nós todos por
terra ouvi uma voz que me dizia em língua hebraica: Saulo, Saulo, por
que me persegues?
Dura coisa te é recalcitrar
contra os aguilhões.”
Atos 26:13,14 |
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Em
terceiro lugar, os seres espirituais são gloriosos em sua condição
normal, e com freqüência está descrito deles que são gloriosos e
brilhantes. O aspecto do anjo que removeu a pedra do sepulcro era “como
um relâmpago”.
Daniel
viu um ser espiritual e o descreveu desta maneira: “o seu corpo era como
o berilo e o seu rosto como um relâmpago; os seus olhos eram como tochas
de fogo, e os seus braços e os seus pés como o brilho de bronze polido;
e a voz das suas palavras como a voz duma multidão”. Daniel caiu diante
dele como se estivesse morto. (Daniel 10:6, 10, 15, 17, IBB)
Também
Saulo de Tarso viu o corpo glorioso de Cristo brilhando mais que a claridade
do sol ao meio dia, e como conseqüência, perdeu a vista e caiu por terra.
Até
aqui temos visto que os seres espirituais são verdadeiramente gloriosos,
porém são invisíveis para o homem, a não ser que os olhos lhe sejam
abertos, ou quando aparecem em forma humana — na carne.
Esta
conclusão se confirma ainda mais quando examinamos os detalhes particulares
destas manifestações. Saulo foi o único que viu o Senhor, pois os homens
que o acompanhavam somente ouviram a voz sem ver a ninguém. (Atos 9:7) Os
homens que estavam com Daniel não viram o ser glorioso que ele descreve,
entretanto, caiu sobre eles um grande temor, e fugiram para se esconder.
Também este ser glorioso disse: “O príncipe do reino da Pérsia me
resistiu por vinte e um dias”. (Daniel 10:13)
Daniel,
homem muito amado do Senhor, caiu como morto diante daquele contra quem o príncipe
de Pérsia resistiu por vinte e um dias? Como é isto? Certamente que ao príncipe
da Pérsia não lhe apareceu em sua glória! Não, esteve presente mas invisível,
ou apareceu a ele como homem.
Nosso
Senhor é um ser espiritual desde que foi realizada sua ressurreição, por
conseguinte deve possuir as mesmas faculdades que vemos demonstradas nos
anjos (seres espirituais). E tal é o caso, como o veremos demonstrado mais
detalhadamente em outro capítulo.
|
As naturezas humana e
espiritual são distintas. |
Desta
maneira encontramos que as Escrituras consideram a natureza humana e a
espiritual como separadas e distintas, e não dão evidência de que uma
evolucione ou desenvolva-se de outra; senão, pelo contrário, mostram que
só uns poucos serão transformados da natureza humana à divina, para a
qual Jesus, o Cabeça, já foi exaltado.
E
este delineamento notável e especial no plano de Jeová é com o propósito
especial e notável de preparar estes como instrumentos de que Deus se
servirá para a grande obra futura de restaurar todas as coisas.
Agora
examinaremos as palavras:
|
Mortalidade significa que a
morte é possível. |
Mortalidade
e Imortalidade
Encontraremos
seu verdadeiro significado em exata harmonia com o que temos aprendido da
comparação dos assertos bíblicos concernentes aos seres humanos e aos
espirituais, e com as promessas terrestres e as celestiais.
Geralmente
são dados significados duvidosos a estas palavras, e as idéias falsas
acerca de seu significado produzem opiniões errôneas acerca de assuntos
que têm conexão com elas, já seja em uso geral ou em relação com as
Escrituras.
“Mortalidade” significa a condição ou estado em que a
morte é uma possibilidade, mas não é uma condição em que a morte
seja inevitável.
“Imortalidade”
significa a condição ou estado em que a morte não é uma
possibilidade; não somente a condição de estar livre da morte, mas
também a condição em que a morte é totalmente impossível. |
Imortalidade significa que a morte é impossível. Há confusão sobre
mortalidade e imortalidade. |
A idéia
comum, ainda que errônea, é a de que a mortalidade é um estado
ou condição em que não pode ser evitada a morte; enquanto que a idéia
que geralmente pode-se ter da palavra “imortalidade” se acerca
mais do verdadeiro significado.
A
palavra imortal significa não mortal, por isso até a mesma
construção da palavra indica sua verdadeira definição. Muitos se
confundem quando procuram determinar se Adão era mortal ou imortal antes de que pecara, porque prevalece uma idéia falsa
acerca da palavra mortal. Raciocinam que se tivesse sido imortal, Deus não lhe teria dito: “no dia em que dela comeres (da árvore
proibida), certamente morrerás”; porque é impossível que morra um ser
imortal. Esta e uma conclusão lógica.
Por outro lado, dizem eles, se houvesse sido mortal,
em que houvesse consisitido a ameaça ou pena ao dizer-lhe “morrerás”;
dado o caso de que o ser mortal (segundo sua definição errônea) de
nenhuma maneira houvesse podido evitar a morte?
|
A vida mortal está
sustentada por elementos externos. |
A
dificuldade, será percebida, está no falso significado que é dado à
palavra mortalidade. Aplique a definição correta e tudo estará
claro. Adão era mortal, ele estava em condição em que a morte era uma
possibilidade. Tinha a vida em sua plenitude e perfeição, mas não
era vida inerente.
Sua
vida era uma vida sustentada com “todas as árvores do jardim”,
exceção feita da proibida; durante o tempo que permaneceu obediente e em
harmonia com seu Fazedor, sua vida esteve segura — os elementos para o
sustento da vida não foram negados.
Vendo-o
desta maneira, Adão tinha vida, e sua morte era inteiramente evitável,
entretanto, encontrava-se em condição em que era possível a morte —
era mortal. |
|
Agora
surge uma pergunta: Se Adão era mortal e achava-se em prova, estava em
prova para obter a imortalidade? A contestação geral seria que SIM; nós
respondemos, NÃO. Foi posto à prova para ver se era digno de continuar
vivendo e gozando das bênçãos que possuía.
Porque
em nenhuma parte foi lhe prometido que se fosse obediente seria imortal,
estamos obrigados a pôr de lado tais conjeturas. Foi lhe permitido a continuação
das bênçãos que desfrutava durante o tempo que fora obediente, e
foi ameaçado com a perda de tudo — a morte — se fosse dsesobediente.
A idéia
falsa do significado da palavra mortal faz que o povo em geral
chegue à conclusão de que todos os seres que não morrem são imortais.
Portanto, eles incluem nesta classe a nosso Pai celestial, a Jesus nosso
Senhor, aos anjos, e a toda humanidade.
Todavia,
este é um erro. A grande massa da humanidade libertada da queda, o mesmo
que os anjos do céu, serão sempre mortais, ainda gozando de uma condição
de perfeição e de felicidade, sempre serão dessa natureza mortal que
pode sofrer a morte — o salário pelo pecado — dado o caso de que
pecarem.
Como
aconteceu no caso de Adão, a segurança de sua existência será
condicional, baseada em obediência ao onisciente Deus cuja justiça, amor
e sabedoria e cujo poder — o qual motiva que todas as coisas concorrem
para o bem daqueles que o amam e o servem — haverão sido plenamente
demonstrados por meio do proceder com o pecado durante o tempo presente. |
Unicamente a Natureza Divina é imortal. A grande
massa do gênero humano sempre será mortal. Satanás há de ser
destruído, o que prova que os anjos são mortais. |
Em
nenhuma das Escrituras está dito que os anjos são imortais, ou que a
humanidade restaurada o será. Ao contrário, a imortalidade é atribuída
somente à natureza divina—só a Jeová no princípio, mais tarde também
a Jesus nosso Senhor em sua condição atual, soberanamente exaltado, e
finalmente, por promessa, à Igreja, o corpo de Cristo, quando será
glorificada com Ele. — 1 Timóteo 6:16; João 5:26; 2 Pedro 1:5:26; 2
Pedro 1:4; 1 Coríntios 15:53, 54.
Não
somente temos a evidência de que a imortalidade unicamente pertence à
natureza divina, mas além disso, é nos proporcionada a prova de que os
anjos são mortais com o fato de que o Diabo, um dos principais entre eles,
há de ser destruído (Hebreus 2:14); se o Diabo pode ser destruído, se
deduz que, como classe, os anjos são mortais.
|
|
Considerando
o assunto desta maneira, vemos que quando os pecadores incorrigíveis serão
destruídos, tanto os seres imortais como os mortais viverão para sempre
cheios de gozo, felicidade e amor; os da primeira classe possuindo uma
natureza à prova de morte, tendo vida inerente — vida em si mesmos (João
5:26), e os da segunda, tendo uma natureza suscetível de morte,
entretanto, não dando lugar a morte por causa da perfeição de seu ser e
do conhecimento do mal e da excessiva maldade do pecado.
Estes
sendo aprovados pela lei de Deus, serão abastecidos para sempre com os
elementos necessários para sustentá-los em perfeição, e nunca morrerão.
|
O homem sendo mortal — destrói
a doutrina do tormento eterno. “A alma que pecar, essa
morrerá”. |
O
bom reconhecimento do significado das palavras mortal e imortal,
e o uso que delas é feito nas Escrituras, destrói por competo o
fundamento da doutrina do tormento eterno.
Esta
doutrina está baseada sobre a teoria, contrária às Escrituras, de que
Deus criou o homem imortal, que não pode deixar de existir, e que Deus não
pode destruí-lo; por isso têm por argumento que os incorrigíveis devem seguir
vivendo em alguma parte e de alguma maneira, e concluem que, não
estando em harmonia com Deus, sua eternidade deve ser uma de miséria.
Mas
a palavra de Deus nos asegura que Ele tem tomado medidas contra a perpetuação
do pecado e dos pecadores, que o homem é mortal, e que a pena completa do
pecado voluntário, contra plena luz e conhecimento da verdade, não será
a vida em tormento, mas uma segunda morte. “A alma que pecar, essa
morrerá”. |
|
“Quem
és tú, que a Deus replicas”?
Romanos
9:20, IBB.
Alguns
mantêm a idéia errônea de que na dispensação dos favores de Deus entre
suas criaturas, a justiça exige para não fazer nenhuma distinção; que se
Ele exalta alguém a um alto posto, em justiça deveria fazer o mesmo
com todos, a não ser que possa demonstrar-se que alguns têm perdido seus direitos;
em tal caso a esses podia atribuir um posto inferior.
|
Deus tinha direito de criar
Jesus mais elevado do que os anjos. |
Se
este princípio fosse correto, demonstraria que Deus não tinha direito de
criar Jesus mais elevado do que os anjos, e além disso depois enaltecê-lo
ainda mais, até a natureza divina, a menos que houvesse intentado fazer o
mesmo com todos os anjos e com toda a humanidade.
Para
levar este princípio ainda mais longe, se alguns homens vão ser
exaltados soberanamente e feitos participantes da natureza divina, então
todos os homens devem ser eventualmente elevados a essa mesma posição.
E
porque não levar o princípio a seu limite extremo para aplicar a lei de
progressão à criação animal e irracional, chegando até os insetos, e
dizer que sendo todos criatura de Deus, eventualmente devem chegar ao
plano mais elevado de existência, a natureza divina?
Tal
coisa certamente é um absurdo, mas tão razoável como toda outra dedução
que se pode derivar do assumido princípio. |
|
Talvez
ninguém vai querer levar ao extremo limite esta errônea suposição. Mas,
se fosse um princípio baseado apenas na justiça, até onde poderia
chegar e continuar sendo justa? E se tal fosse o plano de Deus, aonde se
acharia a grata variedade de todas suas obras? Mas não é esse o plano de
Deus.
A
natureza inteira — tanto animada como inanimada — exibe a glória e a
variedade da sabedoria e poder divinos. E assim como “os céus proclamam
a glória de Deus e o firmamento anuncia as obras das sua mãos” em
maravilhosa variedade e beleza, num grau maior sua criação inteligente
exibe em variedade a superior glória do seu poder.
Chegamos
a esta conclusão por meio dos expressos ensinamentos da Palavra de Deus,
por meio da razão e tomando em conta as analogias da natureza. |
A Justiça entendida. |
É
muito importante que obtenhamos o correto ponto de vista relativo à justiça.
Um favor nunca deve ser tomado como uma merecida recompensa. Um ato
de simples justiça não é motivo de gratidão especial, tampouco é uma
prova de amor; mas, sabemos que Deus dá prova do seu amor por suas
criaturas por meio de uma série interminável de imerecidos favores, e
isto deverá provocar nelas, para corresponder, seu louvor e amor.
|
|
Por
querer assim, Deus tinha o direito de fazer-nos criaturas de breve existência,
ainda no caso de que nunca houvesse entrado o pecado no mundo. Assim fez
ele a algumas de suas criaturas inferiores.
Ele
poderia haver-nos permitido gozar de suas bênçãos por um breve período
de tempo e, sem proceder injustamente, logo acabar com nossa vida.
Certamente que ainda uma breve existência houvesse sido um favor. Somente
é de Seu favor que temos uma existência sob qualquer condição.
|
Aspiração de Satanás —
“Como caíste do céu, ó
estrela da manhã, filha da alva! como foste lançado por terra tu que
prostravas as nações!
E tu dizias no teu coração:
Eu subirei ao céu; acima das estrelas de Deus exaltarei o meu trono; e
no monte da congregação me assentarei, nas extremidades do norte.”
Isaías 14:12,13 |
|
Quão
grandioso favor é a redenção dessa existência uma vez perdida por
causa do pecado! Além disso, é um favor de Deus que somos seres humanos
em vez de sermos animais inferiores; é favor de Deus que os anjos possuem
uma natureza um pouco superior à do homem; também é favor de Deus que
Jesus e sua noiva foram predestinados para participar da natureza divina.
É
apropriado, portanto, que toda criatura inteligente receba com gratidão o
que Deus lhe concede. Qualquer outra atitude justamente mereceria a sua
condenação, e persistir nela redundaria em humilhação e destruição
final.
Ninguém
tem o direito de aspirar a ser um anjo, porquanto não tem sido convidado
a alcançar tal posição; um anjo tampouco tem o direito de aspirar à
natureza divina, por não haver-lhe sido oferecida.
As
indevidas aspirações do Satanás e seu orgulho ocasionaram sua degradação,
e lhe causarão sua final destruição. (Isaías 14:14)
“Porque
todo o que a si mesmo se exaltar será humilhado, e aquele que a si mesmo
se humilhar será exaltado” (Lucas 14:11, IBB), mas não necessariamente
à mais elevada posição.
|
Abraão
|
Devido
às falsas idéias com respeito ao que é justo, e por outras coisas, o
ponto relacionado à eleição — segundo é ensinada nas Escrituras
Sagradas — tem sido objeto de muita discussão e mal entender.
É
um fato inegável que as Escrituras ensinam a eleição, mas é motivo de
considerável diferença de opinião quais precisamente são os princípios
sobre os que se baseia essa eleição ou seleção.
Alguns
pretendem que é arbitrária e incondicional; outros asseguram que é
condicional. Segundo cremos existe um grau de verdade nestes dois pontos
de vista. A eleição, da parte de Deus, é a expressão de sua seleção
com certo propósito, para certo ofício ou condição.
Deus
tem eleito ou determinado que algumas de suas criaturas ocupem o posto de
anjos; que outras sejam criaturas humanas; que outras sejam animais
inferiores tais como quadrúpedes, aves, peixes, insetos, etc., e também
tem determinado que outras de suas criaturas consigam alcançar e obter a
natureza divina.
E
ainda quando Deus, conforme certas condições, seleciona aos que hão
de alcançar a natureza divina, mas não se pode dizer que aqueles que serão
admitidos a ela merecem-na mais que outros, porquanto é somente
por favor de Deus que se tem existência em qualquer plano de vida. |
|
“Assim,
pois, não depende de quem quer, ou de quem corre, mas de usar Deus a sua
misericórdia” — bondade ou favor. (Romanos 9:16, SBB)
Não
é porque os escolhidos sejam melhores que os demais, por o que Deus lhes
fez o convite à natureza divina, porque Ele deixou de um lado aos anjos
que não haviam pecado, e chamou a alguns dos pecadores, redimidos para
participarem das honras divinas.
Deus
tem direito de fazer com o seu como lhe agrada; e Ele se propõe exercitar
este direito para o cumprimento de seus planos. Já que tudo o que temos
é por favor divino.
|
Não tem o oleiro poder sobre a massa?
|
“Mas,
ó homem, quem és tu, que a Deus replicas? Porventura a coisa formada dirá
ao que a formou: Por que me fizeste assim?
“Ou
não tem o oleiro poder sobre a massa, para da mesma massa fazer um vaso
para uso honroso e outro para uso desonroso (ou para menos honra)?” (Romanos
9:20, 21, IBB)
Todos
foram criados pelo mesmo poder divino—alguns para que tivessem uma
natureza mais elevada e maior honra, e outros para que tivessem uma natureza
inferior e menos honra.
Assim
diz o Senhor (Jeová), o Santo de Israel, aquele que o formou (o Criador
do homem): Perguntai-me as coisas futuras; demandai-me acerca de
meus filhos, e acerca da obra das minhas mãos.
“Eu
é que fiz a terra, e nela criei o homem; as minhas mãos estenderam os céus,
e a todo o seu exército dei as minhas ordens.”
“Porque
assim diz o Senhor, que criou os céus, o Deus que formou a terra, que a
fez e a estabeleceu, não a criando para ser um caos, mas, para ser
habitada: Eu sou o Senhor (Jeová), e não há outro.” (Isaías 45:11,
12, 18, IBB)
|
|
Ninguém
tem direito de dar ordens a Deus. Se ele estabeleceu a terra, e se não a
formou para ser um caos, mas para que habitassem os homens restaurados e
perfeitos, quem somos nós e outros para replicarmos a Deus? quem dirá
que é injusto por não transformar a natureza de cada um e fazer a todos
participantes da natureza espiritual, como a dos anjos, ou como Sua própria
natureza divina?
Quanto
melhor seria de vir humildemente à Palavra Divina e “perguntar”
as coisas futuras; em vez de “demandar” ou afirmar que Deus
deve pôr em prática nossas idéias! Senhor, de pecados de presunção
guarda aos teus servos, para que não se assenhoreiem de nós.
Cremos
que nenhum dos filhos de Deus com conhecimento do que faz dará ordens a
Jeová, não obstante, quão fácil e quase inconscientemente muitos caem
neste erro! |
A raça humana são filhos
de Deus por criação — a obra das suas mãos. |
Os
membros da raça humana são filhos de Deus por criação — a obra das
suas mãos — e seu plano com referência a eles é revelado claramente
em sua Palavra.
Paulo
disse que o primeiro homem (o qual foi uma mostra como será a raça
quando for perfeita), foi da terra, é terreno; sua posteridade, com exceção
da Igreja Evangélica, em sua resurreição será ainda terrena, isto é,
humana, adaptada à terra. (1 Coríntios 15:38, 44)
Davi
disse que o homem foi feito só um pouco menor que os anjos, e que foi
coroado de glória e honra e domínio, etc. (Salmo 8:4-8, AL)
Pedro,
nosso Senhor, e os profetas que têm existido desde que o mundo existe,
declaram que a raça humana será restaurada a essa gloriosa perfeição,
e que terá outra vez domínio sobre a terra, como o teve seu
representante, Adão. — Atos 3:19-21.
Este
é o legado que Deus tem querido dar à raça humana. E que legado tão
glorioso! |
|
Fechai
os olhos por um momento para as cenas de miséria e dor, de degradação e
tristeza que ainda prevalecem por causa do pecado, e imaginai a glória da
terra perfeita.
Nem
uma mancha do pecado empana a harmonia e a paz da sociedade perfeita; nem um
pensamento amargo, nem uma palavra ou olhada áspera; o amor transborda em
todo coração e encontra eco no coração dos demais; benevolência satura
todas as ações.
Ali
não haverá mais enfermidades, nem dores; tampouco haverá evidências de
decaimento — nem ainda sequer o temor de tais coisas.
Pensai
nos mais formosos modelos de comparativa saúde, beleza de forma e feições
humanas que já tens visto, e sabei que a humanidade perfeita sobrepujará a
tudo isto em formosura.
A
pureza interior, junto com a perfeição moral e mental, luzirão e encherão
de glória a todo rosto radiante.
Tal
será a sociedade aqui na Terra, e ao aperceber-se que a obra da ressurreição
está completa, cessarão de brotar as lágrimas dos pobres angustiados
cujos olhos umedecia a dor — Apocalipse 21:4. |
O homem será absorvido e
encantado com a glória no plano humano.
Como Deus regozija-se na
perfeição, assim será com o homem.
|
E
esta somente é a mudança que se efetuará na sociedade humana.
Recordemos também o fato de que a Terra, a qual foi criada “para ser
habitada” por esta classe de seres, chegará a ser uma morada adequada e
cheia de atrativos para eles, como estava representada no paraíso edênico,
no qual o representante da humanidade foi colocado no princípio.
O
paraíso será restaurado. A terra já não produzirá espinhos nem
abrolhos; não será requerido o suor do rosto do homem para produzir o
seu pão, senão que “a terra (fácil e naturalmente) dará o seu fruto”.
“O
deserto florescerá como a rosa”, a criação
animal inferior será perfeita, servindo gostosa e obedientemente; a
natureza, com toda sua agradável variedade, atrairá o homem em todas direções
convidando-o a buscar e conhecer a glória, o poder e o amor de Deus; e
tanto a mente como o coração transbordarão de júbilo.
O
desejo insaciável que agora nos domina de ter sempre algo novo, não é uma
condição natural, mas uma anomalia motivada por nossa imperfeição e as
pouco satisfatórias condições que nos rodeiam.
Não
é conforme a um caráter semelhante ao de Deus o anelar algo novo. Para
Deus a maior parte das coisas são velhas; e Ele se regozija mais em coisas
que são velhas e perfeitas. Assim será quando o homem for restaurado à
imagem de Deus.
O
homem perfeito não conhecerá nem apreciará em seu devido valor a glória
da existência espiritual, e portanto não a ambicionará, porque é uma
natureza diferente, de maneira como os peixes e as aves, pela mesma razão,
preferem e gozam em seu próprio elemento e natureza.
O
homem estará tão absorto e se extasiará tanto com a glória que o rodeará
no plano humano, que não terá aspiração nem preferência por outra
natureza ou condições do que aquelas que possue. Uma olhada para a experiência
atual da Igreja serve para demonstrar isto.
“Quão
dificilmente (com quanto trabalho) entrarão no reino de Deus os que têm
riquezas (deste mundo)!”
As
poucas coisas boas que possuímos, ainda sob as condições prevalecentes no
presente domínio do mal e da morte, a tal grau cativam a natureza humana,
que necessitamos a ajuda especial de Deus para manter nossas intenções e
propósitos fixos nas promessas espirituais.
|
O que é o plano de Deus
para a igreja cristã? |
Que
a Igreja cristã, o corpo de Cristo é uma exceção no plano geral de
Deus para com a humanidade, se evidencia no asserto de que sua eleição
foi determinada no plano divino antes da fundação do mundo (Efésios
1:4, 5), em cujo tempo Deus não apenas previu a caída da raça no pecado,
mas também predestinou a justificação, a santificação e a glorificação
de tal classe, a qual esteve chamando durante a Idade Evangélica,
convidando-a para que deixe o mundo e se transforme à imagem de seu Filho,
vindo a ser participantes da natureza divina e co-herdeiros com Cristo
Jesus no Reino Milenário que estabelecerá a justiça e a paz universais.
— Romanos 8:28-31.
|
A Igreja se está selecionando para um propósito. A classe da igreja está
escolhida por uma prova individual e por vencer individualmente. |
Isto
demonstra que a eleição ou seleção da Igreja foi algo determinado por
parte de Deus; mas notemos que não é uma seleção incondicional dos membros
individuais da Igreja. Antes da fundação do mundo Deus determinou
que seria eleita tal companhia com tal propósito e no tempo especificado
para isso — a Idade Evangélica.
Ainda
quando não duvidamos que Deus de antemão podia ter percebido da conduta
de cada membro individual da Igreja, e que Ele havia podido saber desde o
princípio quais seriam dignos de constituir “o pequeno rebanho”, mas,
não é assim como é nos apresentada a doutrina da eleição nas
Escrituras.
Os
apóstolos não trataram de incluir a idéia da predestinação individual,
mas que no propósito de Deus era necessário uma classe para
preencher esse posto honrável, e que a eleição de tal classe seria sob as
condições de provas severas de fé e obediência, e do sacrifício dos
privilégios terrestres, etc., ainda até a morte.
Desta
maneira, por meio de uma prova individual, e através de “vitória”
individual, os membros individuais da classe predestinada são
escolhidos ou aceitados para que gozem dos benefícios predestinados por
Deus para esta classe. |
“Glorificou” significa
“Honrou.”
|
A
palavra “glorificou” em Romanos 8:30, traduzida do grego doxazo,
significa honrou. A posição para a qual está sendo eleita a
Igreja é de uma grande honra. A nenhum homem podia ocorrer a aspiração
à honra tão grande. Ainda Jesus mesmo recebeu o convite antes de que o
aspirara, pois lemos:
“Assim
também Cristo não se glorificou a si mesmo (doxazo — honrou)
para se fazer sumo sacerdote, mas o glorificou aquele que lhe disse: Tu és
meu Filho, eu hoje te gerei.”
Desta
maneira o Pai celestial honrou a Jesus noso Senhor, e todos os do corpo
eleito que hão de ser co-herdeiros com Ele, serão da mesma maneira
honrados pelo favor de Jeová.
A
Igreja, o mesmo que seu Cabeça, começa a experimentar essa “honra”
quando é gerado por Deus para a natureza espiritual pela palavra da
verdade (Tiago 1:18), e chegará a obter essa honra em sua plenitude quando nascer
do espírito, como seres espirituais, como a imagem da Cabeça glorificada.
Os
que Deus honrará dessa maneira devem ser perfeitos e puros; e porque éramos
pecadores por herança, Ele não só nos chamou ou convidou a essa honra,
mas também adicionalmente providenciou a justificação do pecado
por meio da morte de seu Filho, para que pudéssemos receber a honra para a
qual nos chama.
|
Chamados, e eleitos, e fiéis. |
Deus
faz um chamamento muito geral para escolher este “pequeno rebanho” —
“muitos são chamados”. Todos não são chamados. No princípio,
durante o ministério de nosso Senhor, o chamado se limitou a Israel
segundo a carne, mas agora, a quantos encontram os servos de Deus (Lucas
14:23) são instados e estimulados (mas não são compelidos) a entrar e
gozar desta festa especial de favor.
Mas
nem sequer dentre os que ouvem e aceitam são todos dignos. São lhes
providênciadas as trajes de boda (a justiça imputada de Cristo), mas
alguns não querem pô-las e têm que ser recusados; e dentre os que põem
o traje da justificação e recebem a honra de serem gerados a uma nova
natureza, certo número deixa de fazer firme sua vocação e eleição por
causa de pouca fidelidade ao seu pacto. Está dito dos que são dignos de
aparecer com o Cordeiro em glória: “os chamados, e eleitos, e fiéis”
— Apocalipse 14:1; 17:14.
|
A chamada é condicional. |
A
chamada é efetiva, a determinação de Deus para eleger e enaltecer uma
Igreja, é inalterável; mas quais hão de ser desta classe escolhida, é
condicional. Todos os que desejam participar de honras predestinadas devem
cumprir com as condições da chamada.
“Portanto,
tendo-nos sido deixada a promessa de entrarmos no seu descanço, temamos não
haja algum de vós que pareça ter falhado.” (Hebreus 4:1, AL; IBB)
Ainda
quando o grande favor não depende de quem quer, ou de quem corre, ele é para
aquele que quer e para
aquele que corre quando tem sido chamado.
|
|
Confiamos que desta maneira temos vindicado
claramente o propósito e direito absoluto de Deus para fazer
com os seus como lhe agrada; agora chamamos a atenção ao fato de que o princípio que caracteriza
a concessão de todos os favores de Deus é o bem geral de todas as suas
criaturas.
|
Não há mistura de
naturezas. |
Já
que sob a autoridade das Escrituras reconhecemos como um fato estabelecido
que as naturezas espirituais e a humana são separadas e distintas — que
a mistura das duas naturezas não forma parte do designio de Deus, senão
que produziria uma coisa imperfeita, e que a mudança de uma natureza para
outra não é a regra, mas a exceção, ocorrida somente no caso do Cristo
— então vem a ser um assunto de profundo interesse para percebermos
como será levada a efeito essa mudança, sob que condições será obtida,
e de que maneira se efetuará.
|
A mudança da natureza
humana para a divina é um prêmio.
“Ressurgiu.”
|
As condições sob as quais a Igreja pode ser
exaltada com seu Senhor à natureza divina (2 Pedro 1:4) são precisamente
as mesmas sob as quais Ele a recebeu, seguindo as suas pisadas (1 Pedro
2:21, AL; IBB), apresentando-se como sacrifício vivo, como Ele fez, e em
seguida, levar a efeito fielmente esse voto de consagração até que o sacrifício termine na morte.
Esta
mudança da natureza humana para a divina é dada como prêmio, aos que
durante a Idade Evangélica sacrificam a natureza humana, como fez
o nosso Senhor, junto com todos os seus interesses, esperanças e
aspirações presentes ou futuras — ainda
até a morte.
Na
sua ressurreição estes despertarão, não para participar com o resto da
humanidade na bendita restituição à perfeição humana junto com todas
as bênçãos que a acompanham, mas para tomar parte da semelhança, da glória
e da alegria do Senhor, como participantes juntamente com Ele da natureza
divina.—Romanos 8:17; 2 Timóteo 2:12.
|
A Nova Natureza: Engendramento
e mais tarde um Nascimento.
Batismo em Agua
|
O
princípio e desenvolvimento da nova natureza é semelhante ao princípio
e desenvolvimento da vida humana. De maneira como em uma ocorre um
engendramento e mais tarde o nascimento, assim mesmo sucede com a outra.
Os
santos são gerados de Deus pela Palavra da Verdade. (1 Pedro 1:3; 1 João
5:18; Tiago 1:18) Isto é, recebem de Deus, pela sua Palavra, o primeiro
impulso na vida divina.
Quando
depois de haverem sido justificados gratuitamente por meio da fé no
resgate, ouvem o chamamento:
“apresenteis
os vossos corpos como um sacrifício vivo, santo e (resgatado, justificado
— portanto) agradável a Deus, que é o vosso culto racional” (Romanos
12:1, IBB);
e
quando em obediência a esse chamado, por completo consagram a Deus sua
humanidade justificada como sacrifício vivo, ao lado de Jesus, Deus o
aceita e no mesmo ato começam a vida espiritual. Os tais imediatamente começam
a pensar e proceder de acordo com a mente nova (transformada) que os impele,
ainda até o grau de crucificar os desejos humanos. Estes, desde o momento
da consagração são considerados por Deus como “novas criaturas”.
De
modo que para estas “novas criaturas” em embrião as coisas
velhas (os desejos, esperanças e planos humanos), já passaram; eis que
tudo se fez novo.
|
O desenvolvimento da “Nova
Criatura” em embrião |
A
“nova criatura” em embrião cresce e se desenvolve continuamente à
medida que é crucificada a natureza velha junto com suas esperanças,
suas aspirações e desejos. Estes dois processos progridem
simultaneamente, desde o tempo em que começa a consegração até que se
efetua a morte da natureza humana e o nascimento da espiritual.
À
medida que por meio da Palavra, o Espírito de Deus continua aclarando
mais e mais seus planos, vivifica também os nossos corpos mortais (Romanos
8:11) capacitando-os para que lhe rendam serviço; mas no tempo oportuno
teremos novos corpos — espirituais, celestiais, adaptados em todo
sentido à nova mente — a divina. |
A Primeira Resurreição |
O nascimento
da “nova criatura” será na ressurreição (Colossenses 1:18), e para
a ressurreição desta classe é dado-lhe o nome de primeira (ou
seleta) ressurreição. Apocalipse 20:6
Devemos
lembrar-se disto, que não somos seres espirituais agora, até a ressurreição,
ainda quando desde que recebemos o espírito de adoção somos
reconhecidos como tais. (Romanos 8:23-25; Efésios 1:13, 14; Romanos 6:10,
11) Quando seremos espirituais, isto e, quando seremos nascidos do espírito,
não seremos por mais completo carnais, porque “o que é nascido do Espírito
é espírito”.
|
Consagração |
O
nascimento para a natureza espiritual na ressurreição deve ser precedido
pelo engendramento do Espírito na consagração, precisamente como o
nascimento na carne é precedido pelo engendramento da carne.
Todos
os que têm nascido da carne, em semelhança do primeiro Adão, o terreno,
foram primeiro engendrados segundo a carne, e outros têm sido engendrados
novamente pelo espírito de Deus, por meio da palavra da verdade,
para que no tempo próprio (a seu tempo), na primeira ressurreição, nasçam
segundo o Espírito, conforme a semelhança divina.
“E,
assim como (os que componham a Igreja) trouxemos a imagem do que é
terreno, traremos também a imagem do celestial” se não cairemos da graça.
— 1 Coríntios 15:49, AL; IBB, Hebreus 6:6.
|
Renovando vossas mentes—uma
tarefa transformadora
“Rogo-vos pois, irmãos,
pela compaixão de Deus, que apresenteis os vossos corpos como um
sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto
racional.”
Romanos 12:1 |
|
Ainda
quando a aceitação da vocação celestial e nossa consagração em obediência
a ela se decidem num momento dado, no entanto, o trazimento de todo
pensamento em harmonia com a mente de Deus é uma tarefa gradual,
inclinando pouco a pouco para o céu aquilo que por natureza se inclina
para a terra. O Apóstolo qualifica de transformação este processo
quando diz:
“E
não vos conformeis a este mundo, mas transformai-vos [em natureza
celestial] pela renovação da vossa mente, para que experimenteis
qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.” — Romanos
12:2, IBB.
Deve
perceber-se que estas palavras do Apóstolo não se dirigem ao mundo incrédulo,
mas aos que ele reconhece como irmãos, como demonstra o versículo
anterior, “Rogo-vos, pois, irmãos, que apresenteis os vossos corpos como
um sacrifício vivo, santo e agradável a Deus.”
|
Transformação do caráter
e da natureza.
Altar de Sacrifício
|
É
comum a crença que quando um homem se converte ou deixa o pecado para
seguir a justiça, e deixa a incredulidade e a oposição a Deus para
confiar Nele, que essa é a transformação a que Paulo se refere.
Na
verdade essa é uma grande mudança — uma transformação, mas não
a transformação à qual Paulo aqui faz alusão. Esso é uma
transformação do caráter, mas Paulo se refere à transformação da
natureza que foi prometida aos crentes durante a Idade Evangélica, sob
certas condições, e ele urge aos crentes para que cumpram essas
condições.
Se
desde antes não se houvesse efetuado uma transformação do caráter
em aqueles aos quais se dirigia, ele não podia havê-los qualificado de
irmãos—irmãos que tinham algo “santo e agradável a Deus” para
oferecer em sacrifício, porque só os que são justificados pela fé no
resgate são considerados por Deus como santos e aceitos.
Uma
transformação de sua natureza será a porção dos que durante a
Idade Evangélica apresentam sua humanidade justificada como sacrifício
vivo, assim como Jesus apresentou sua humanidade perfeita em sacrifício,
abandonando todos os direitos da existência humana futura, o mesmo
fazendo com os gozos, privilégios e direitos humanos.
O
primeiro que é sacrificado é a vontade humana, e desde então já não
somos guiados por nossa vontade nem a de nenhuma outra pessoa, mas somente
pela vontade divina. A vontade divina faz-se nossa, e a humana a
consideramos não como a nossa, mas como a de outra pessoa, a qual temos
que rejeitar e de sacrificar.
Havendo-se
feito nossa a vontade divina, começamos a pensar, a raciocinar e a julgar
as coisas desde o ponto de vista divino; o Plano de Deus chega a ser nosso
plano e seus caminhos nossos caminhos. Ninguém pode compreender
claramente esta transformação se de boa fé não se tem apresentado como
sacrifício, havendo-a experimentado como conseqüência.
Antes
disso poderíamos ter gozado de tudo o que não é pecaminoso, porque o
mundo e tudo o bom que existe nele foi feito para o gozo do homem, a única
dificuldade sendo o domínio das propensões pecaminosas. Mas os
consagrados, os transformados, além de esforçar-se em subjugar o pecado,
devem sacrificar as boas coisas do tempo presente e dedicar todas suas
energias ao serviço de Deus.
E os
que são fiéis no serviço e no sacrifício, diariamente se darão conta
que este mundo não é seu lugar de repouso, e que aqui não têm cidade
permanente. Mas seus corações e suas esperanças serão fixadas no
“repouso sabático que resta para o povo de Deus”. E essa bendita
esperança os vivificará e inspirará para que continuem sacrificando. |
“E não vos conformeis a este mundo, mas
transformai-vos [em natureza celestial] pela renovação da vossa
mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita
vontade de Deus.”
Romanos 12:2 |
O “penhor” de nossa
herança
|
Deste
modo, por meio da consagração, a mente se renova ou se transforma, e os
desejos, as esperanças e as aspirações começam a elevar-se para as
coisas espirituais e invisíveis que foram nos prometidas, enquanto que as
esperanças humanas, etc., morrem.
Os
que são transformados desta maneira, ou que se encontram em processo de
mudança, são considerados como “novas criaturas”, gerados por Deus,
e participantes até esse grau da natureza divina. Note bem a diferença
entre estas “novas criaturas” e os crentes ou “irmãos” que se
acham somente justificados.
Os
dessa última classe são todavia da terra, terrenos, e à parte de
desejos pecaminosos, suas esperanças, suas ambições e seus propósitos
são tais que serão aprovados e plenamente satisfazidos na prometida
restauração de todas as coisas. Mas os da classe anterior não são do
mundo, assim como Jesus não é do mundo, e suas esperanças se dirigem
para as coisas invisíveis, onde Cristo está, assentado à destra de
Deus.
A
perspectiva da glória terrestre, a qual sem dúvida tem muitos encantos
para o homem natural, já não satisfaz os que são gerados desta esperança
celestial, aos que vêem as glórias das promessas celestiais, e que
apreciam a parte que é marcada-lhes no plano divino. Esta mente nova,
divina, constitue o penhor de nossa herança da completa natureza divina—a
mente e o corpo.
Pode
ser que alguns se surpreendam um pouco acerca da expressão: “um corpo
divino”, mas está nos dito que Jesus é agora a imagem perfeita do Pai,
e que os vencedores serão “semelhantes a ele: porque assim como
é o veremos”. (1 João 3:2) “Se há corpo natural (humano), e há
também corpo espiritual.” (1 Coríntios 15:44)
Não
poderíamos imaginar nem a nosso Pai celestial, nem a Jesus nosso Senhor
como grandes mentes sem corpos. Seus corpos são gloriosos, espirituais,
no entanto, ainda não está manifestado quão grande é sua glória, nem
o será, senão até que nós também participemos da natureza divina. |
A transformação da mente
— gradual A mudança do corpo —instantânea |
Ainda
quando esta transformação na mente, do humano ao espiritual, é
uma obra gradual, no entanto a mudança do corpo humano a um
espiritual não será gradual, mas instantânea. (1 Coríntios 15:52)
Agora, como Paulo disse, temos este tesouro (a mente divina) em vasos de
barro, mas no tempo oportuno o tesouro estará num vaso glorioso
apropriado a ele—o corpo espiritual.
|
As naturezas espirituais têm
maior alcance de faculdades do que a humana. |
Temos
visto que a natureza humana é a semelhança da espiritual. (Gênesis 5:1)
Por exemplo: Deus tem vontade, os homens e os anjos também a tem; Deus
tem raciocínio e memória, também os têm suas criaturas inteligentes
— os homens e os anjos. O caráter das operações mentais em cada qual
é o mesmo; com os mesmos detalhes para raciocinar, e sob condições
similares, estas naturezas diferentes podem chegar às mesmas conclusões.
Ainda
quando as faculdades mentais da natureza divina, angélica e humana são
similares, no entanto sabemos que as naturezas espirituais têm poderes
maiores e superiores aos humanos — poderes que, segundo cremos, se devem
não a faculdades diferentes, mas ao maior alcance dessas mesmas
faculdades, e das diferentes circunstâncias sob as quais operam.
A
natureza humana é uma perfeita imagem terrestre da natureza espiritual,
possuindo as mesmas faculdades, mas limitadas à esfera terrestre, e com a
habilidade e disposição para discernir mais além, unicamente à medida
que a Deus lhe agrade revelar para benefício e felicidade do homem. |
Podemos somente vislumbrar a
sabedoria, o poder e a bondade divinos. |
A
natureza divina é a ordem mais elevada da natureza espiritual, e quão
imensurável é a distância entre Deus e suas criaturas! Podemos somente
vislumbrar a glória da sabedoria, poder e bondade divinos à medida que
Deus, como em um quadro panorâmico, exibe diante de nós algumas de suas
obras maravilhosas. Entretanto podemos medir e compreender a glória da
humanidade perfeita.
Tendo
estes pontos bem claros em nossa mente, podemos compreender como se efetua
a transformação da natureza humana em espiritual, ou seja levando a
condições mais elevadas os mesmos poderes mentais.
Quando
estaremos revestidos de corpo espiritual, teremos os poderes celestiais,
que pertencem a esse corpo glorioso, e teremos a capacidade de pensamento
e o alcance de poder que lhe pertencem.
A
mudança ou transformação mental do terreno ao celestial, que experimentam
os que se consagram ao Senhor, é o princípio dessa mudança de natureza. Não
é uma mudança de cerébro, nem se efetua um milagre em sua mudança de
operação, mas é a vontade e a inclinação da mente as quais sofrem uma
mudança.
Nossa
vontade e nossos sentimentos representam nossa individualidade, por isto
quando nossa vontade e nossos sentimentos são trocados desta maneira, somos
transformados e considerados como se em efeito pertencessemos à natureza
celestial. É certo que isto não é mais que um pequeno princípio, mas um
engendramento, como se chama a isto, é sempre um pequeno princípio;
todavia, constitue o penhor ou segurança da obra consumada. Efésios 1:13,
14.
|
Uma mudança de natureza não
causa uma perda de identidade. |
Alguns
perguntam: Como nós nos conheceremos quando estaremos transformados? Como
saberemos então que somos os mesmos seres que vivemos, sofremos e
sacrifiquemo-nos para poder ser participantes desta glória? Seremos
os mesmos seres conscientes? Certamente que sim, se já morremos com
Cristo, também com ele viviremos. (Romanos 6:8) As mudanças que
nosso corpo sofre diariamente não fazem que olvidemos o passado ou que
percamos nossa identidade.*
*Nosso
corpo humano está mudando constantemente. Segundo a ciência, nosso
corpo cada sete anos sofre uma mudança total nos átomos de que se
compõe.
Desta maneira, a mudança prometida de corpos humanos a espirituais
não destruirá nem a memória nem a identidade, senão que aumentará
seu poder e seu raio de ação.
A mesma mente divina que agora é nossa, com a mesma memória e a
mesma capacidade para raciocinar, etc., encontrará então seus
poderes aumentando a imensuráveis alturas e profundidades em
harmonia com seu novo corpo espiritual, e a memória traçará toda
nossa carreira desde a mais prematura idade, podendo compreender,
claramente, por meio do contraste, o glorioso do prêmio do nosso
sacrifício.
Mas isto não poderia acontecer, se a natureza humana não fosse uma
imagem da espiritual.
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|
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Estes
pensamentos podem ajudar-nos a entender como o Filho quando obteve a mudança
das condições espirituais para as humanas — para a natureza humana e
suas limitações terrenas — foi um homem; e ainda quando era o mesmo ser
em ambos casos, sob as primeiras condições era espiritual e sob as
segundas foi humano.
Por
serem as duas naturezas separadas e distintas, não obstante uma a
semelhança da outra, sendo comum a ambas as mesmas faculdades mentais (memória,
etc.), Jesus pôde perceber a glória que ele teve antes de chegar a ser
homem, mas que não possuiu enquanto foi da natureza humana, como provam
suas palavras:
“Agora,
pois, glorifica-me tú, ó Pai, junto de ti mesmo, com aquela glória que
eu tinha contigo antes que o mundo existisse (João 17:5, IBB) —
a glória da natureza espiritual.
Essa
oração foi mais que contestada em sua presente exaltação até a forma
mais elevada de seres espirituais, a natureza divina. |
Vocês que são consagrados,
a quais influências estão submetendo-se? “...Transformai-vos”.
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Referindo-se
novamente às palavras de Paulo, fazemos presente o texto: “E não vos
conformeis a este mundo, mas transformai-vos pela renovação da vossa
mente”, notamos que ele não diz, transformai-vos à semelhança divina;
seria mais propriamente transcrito: “Não sejais conformados ...
mas sede transformados.”
A idéia
está melhor expressada deste modo, porque nós mesmos não nos
conformamos ou transformamos; entretanto, ou nós nos submetemos a ser
conformados com este mundo, por meio das influências mundanas (o espírito
do mundo que nos rodeia), ou nós nos submetemos à vontade de Deus, a
santa vontade ou Espírito, para sermos transformados por meio das influências
celestiais obrando por meio da Palavra de Deus.
Vos
que sois consagrados, a que influências estais submetidos? As influências
transformadoras tendem para o sacrifício e sofrimentos presentes, mas o
fim é glórioso. Se vos estais desenvolvendo-se sob estas influências
transformadoras, estais experimentando diariamente a boa, agradável e
perfeita vontade de Deus.
Oxalá
todos quantos têm colocado seu tudo no altar de sacrifício, continuamente
tenham presente que ainda quando a Palavra de Deus contém promessas tanto
terrestres como celestes, somente estas últimas nos pertencem. O nosso
tesouro está no céu: oxalá que os nossos corações estejam lá
continuamente.
A
nossa vocação não é somente para a natureza espiritual, mas para a mais
alta ordem dos seres espirituais — a natureza divina, “tanto mais
excelente do que os anjos”. (2 Pedro 1:4; Hebreus 1:4, AL; IBB) |
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Esta
vocação celestial está limitada à Idade Evangélica; antes nunca foi
feita, e terminará quando esta concluir-se. Antes de ser feita a vocação
celestial foi feita uma vocação terrestre, mas esta foi imperfeitamente
compreendida; e foi nos dito que tal chamada continuará depois da Idade
Evangélica.
Tanto
a vida (para os que serão restaurados como seres humanos) e a
imortalidade (o prêmio prometido ao corpo de Cristo), foram ambas
trazidas à luz durante esta idade (2 Timóteo 1:10) Tanto a natureza
humana como a espiritual serão gloriosas em sua perfeição, ainda quando
são separadas e distintas.
Não
será um delineamento insignificante de glória da obra terminada de Deus
a formosa variedade, e ao mesmo tempo admirável harmonia — entre si e
com Deus — em todas as coisas, tanto as animadas como inanimadas.
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